domingo, 21 de abril de 2013

Versos de amor



Na Palma da Mão

I
Um dia ao virar da esquina
Encontrei uma menina
E em ar de brincadeira.
Pedi para lhe ler a sina
Disse-me sim, em surdina
E veio para a minha beira.
II
Estendeu-me a sua mão
Sorriu e deu atenção
Ao meu discurso invulgar.
Em ar de provocação
Chamou-me de charlatão
Com as faces a corar
III
Na linha da sua vida
Vi a sua sorte definida
E um grande amor a nascer.
Ela olhou comprometida
Tirou a mão de fugida
E mais nada quis saber
IV
Ainda na sua mão
Vislumbrei muita paixão
 Dinheiro, saúde e alegria.
Vi uns lampejos de sorte
 E um rapaz fazer-lhe a corte
À luz da pura magia.

V
 Essa linda donzela
Frágil mas muito bela
Lembrava-me uma flor.
A sua mão delicada
Ficou à minha agarrada
Sem se soltar, era amor!
VI
Na sua mão de cetim
Com pós de perlim- pim -pim
Vi as grades duma cela
Não sei se  foi um feitiço
Um dia sem dar por isso
Eu já estava preso nela.


José Chilra




Primeiro Beijo

I

Quando do teu primeiro beijo
Fiquei pertinho do céu
Exclamei com gracejo:
Foi um anjo quem o deu.

II
Lembro-me bem desse dia
Desse momento de outrora
Tão sublime, diria
Doce beijo em boa hora.

III
Rendi-me à tua beleza
Foi o momento mais belo
Imaginei-te princesa
Senti-me rei, num castelo.
. 
IV
Desfiz a insegurança
Que invadia os teus sentidos
Fomos em tempo de bonança
Pela paixão possuídos.

V I
Ainda recordo agora
A tua cara rosada
O beijo disse-me tudo
A boca não disse nada.

VII
Do primeiro beijo roubado
Ainda guardo o sabor
Se cometi um pecado
Foi por o beijo ser dado
Tarde demais, meu amor.


José Chilra



Asas do Coração

I
O meu coração tem asas
Mas não é uma avezinha
Quando bate sobre brasas
Diz que a culpa é toda minha.

II
Lembra-me um pássaro gentio
Saltitando à minha frente
Amua quando está frio
Fala mais quando está quente.

III
Bate as asas a preceito
Sobre o meu ego levita
Mal cabe no meu peito
O amor em que acredita.

IV
No jardim do meu quintal
Vai e vem bebericar
É muito sentimental
Não dorme só para amar.

V
Voa sobre os tempos idos
Namora as estrelas do céu
Fala com os meus ente queridos
Reza por mim, anjo meu.

VI
O dia que ele parar
Não me vai dizer adeus
Certamente irá prestar
Todas as contas com Deus.


José Chilra 

Amor Alado


I
Se amar demais é pecado
Confesso que já pequei
Hoje, o meu amor alado
Tornou-se um fora de lei.

II
Porém, foi correspondido
Um ano, um dia, uma hora.
Por isso não faz sentido
Deitar as saudades fora.

III
Não estudei para saber
Gerir as minhas emoções
Mas aprendi a viver
Com as minhas convicções.

IV
Desfolhei um malmequer
Deixei as pétalas no chão.
Um “Ser” não ama quem quer
A escolha é do coração.
 

José Chilra


 

A tua rua 

I

Meu amor na tua rua
Tropecei numa pedrinha
Fui a cair nos teus braços
Vê lá bem, que sorte a minha! 

II

À noite na tua rua
Há uns silêncios que eu gosto
Eu, só oiço a tua voz
E tu, a minha; eu aposto! 

III

Na rua a onde tu moras
Não conheço os teus vizinhos
O defeito é dos meus olhos
Que por ti andam ceguinhos.

IV

Na tua rua, por ora
Não se pode namorar
Há tricas a toda a hora
E muitos cães, a ladrar. 

VI
A rua da minha sogra
É a rua da roseira
Foi lá que colhi a rosa
Que guardo para a vida inteira.
 
 

José Chilra