terça-feira, 30 de julho de 2013

Quadras em Rima Cruzada


Sonho Azul

I
Tive um sonho colorido
Viajei de norte a sul
Acordei e fez sentido
Chamar-lhe de sonho azul.
II
Foi um sonho tão bonito
Com uma franja garrida
Foi tão pobre e foi tão rico
Que me falava da vida.
III
Lembrava-me a aventura
A bonança e a tempestade
Namoros, tempos de loucura
E muita cumplicidade.
IV
Ciúmes e confissões
Abraços, beijos trocados
Cartas escritas, aos milhões
Traições, namoros acabados.
V
Arrufos e maus humores
Preconceitos ancestrais
Jovens belos sonhadores
Mulheres lindas de aventais.
VI
 Já do meu sonho esvaído
Com tanta meia verdade
Acordei comprometido
Na onda de uma saudade.
VII
Por fim o sonho me disse
O amor é um martelo
Se bate pouco, é tolice
Se bate muito, é mais belo!

José Chilra


 

Sonhos Incolores 

I

O Sonho é uma janela
 
Com uma vidraça partida

Mas, eu debruço-me nela

Para ver passar a vida.
 

II

Debaixo dos meus cabelos

Vão os meus sonhos brincando

Às vezes com pesadelos

 Deixam os meus olhos chorando.

III

Não me entendo com os sonhos

Nem de noite nem de dia

Porém, é com os mais risonhos

Que me ligo à utopia.
 

IV

Os sonhos Incolores

Fazem parte meu “SER”

São as saudades maiores

De alguém que amo e quero ver.
 

V

No colinho da demência

Embalo sonhos profundos

Para acordar a ciência

Dividida entre dois mundos.
 

VI

Meus sonhos são pombas brancas

Que voam no mesmo sentido

Trazem-me saudades, tantas

Nas penas que tenho vivido.

 
 

José Chilra

 


Nos braços da noite

 
I

Dormi no colo da noite

Meu amor, contigo ao lado

E sonhei como se fosse

Nos teus braços muito amado.

II

Deitei-me na lua nova

Quando o sol se escondeu

Acordei na lua cheia

Estive pertinho do céu.

III

Namorei com uma estrela

Em lençóis de pano-cru

Tiveste ciúmes dela

Mas essa estrela era tu.


IV

A tua voz meiga e quente

Sussurrou ao meu ouvido

Amar demais, é urgente

De menos, não faz sentido!


V

Tocou o despertador

Quando ainda levitava

Nos braços do meu amor

Nos beijos que ela me dava.

 

 
José Chilra

 

 

Baile de Pinha

 

I

Naquele baile de pinha

Tu eras a atracão

Parecia uma rainha

Cheia de encanto e sedução
 

II

De todas as raparigas

Eras tu a mais bonita

E das mulheres mais antigas

A tua mãe era a mais rica.
 

III

Convidei-te para dançar

À média luz, no salão.

Foi tão fácil puxar

A fita do coração!
 


IV

Dançámos a nossa valsa

Ao som de uma concertina

Juntámos a saia à calça

Subiu a adrenalina.
 

V

Não fomos reis nessa noite

Ficas-te ainda princesa

Todavia eu fiz a corte

À mais bela camponesa!
 

VI

Falei-te então ao ouvido

Pedi-te o amor em segredo

Logo fui correspondido.

Abriu-se a pinha mais cedo!
 

VII 

Tu eras fascinação

Sem ostentares anéis de ouro

E eu, uma interrogação

P`ra início de namoro.

VIII

Toda a gente cochichou

Quando se fez luz na sala

O teu pai, viu e corou

A tua mãe, perdeu a fala!

 

José Chilra



 
Recado da minha amada
 

I

Meu amor, só vou ao baile

Se a minha mãe quiser ir

Se não estiver a chover

E se o meu pai permitir.
 
II

Tenho estas condicionantes

Mas já fiz os meus apelos

Já pus o anel de brilhantes

Mudei a cor aos cabelos.

 
III

Comprei uns sapatos novos

E uma saia de folhos

Quero ser a estrela da noite

A cintilar nos teus olhos.
 

IV

Já tenho a roupa engomada

E já me maquilhei com pó-de-arroz

Estou tão ameninada

Que o espelho perdeu a voz.
 

V

Já ensaiei umas danças

Para não fazer má figura

Meu amor vê lá se alcanças

O cós da minha cintura.
 

VI

Desta noite meu bem

Vamos fazer um festim

Não olhes para mais ninguém

Olha apenas só para mim.


VII

Quando o meu progenitor

Me der autorização

Vou levitar meu amor

Junto do teu coração.

 

José Chilra