Domingo de Ramos

Introdução

Nos meus tempos de adolescente, tal como todos os outros rapazes da minha igualha, singia-mos aos usos e costumes duma sociedade fechada no seio de uma população semi-alfabecta. Nesse tempo, os homens tinham papel principal nos campos familiar, social e profissional, logo, era aos homens que pertencia tomar a iniciativa de qualquer acção a desenvolver. Assim era nos namoricos, aos rapazes cabia-lhe tomar a iniciativa, primeiro começavam com simples trocas de olhares, cartas, escritos e recados.As cartas escritas mais ou menos românticas, chegavam pelo correio às mãos das donzelas todos os dias, era assim os meus tempos de namoro! 
Hoje, na impossibilidade de rever a primeira carta que escrevi à minha amada, quero querer que, aquelas que escrevi foram mais ou menos como esta que passo a transcrever.

Domingo de Ramos
Minha bela e doce Quinita, desde o primeiro dia que te vi, Domingo de Ramos, que não faço outra coisa que é pensar em ti, nunca havia tido o prazer de te conhecer e não sabia nada acerca da tua pessoa, porém, hoje sei a tua identidade, o teu percurso de vida e a tua disponibilidade para amar. Assim sendo, pedi licença à minha timidez e resolvi endereçar esta missiva, de forma a exprimir o que me vai na alma. Nesta carta especial, para ti que és especial, endendi que devia procurar no meu dicionário as palavras mais bonitas para te tocarem ao coração.Não sei se o consegui, contudo, na primeira página  encontrei a palavra "Amor". Amor sim, é aquilo sinto por ti, é a palavra que me ajuda a adormecer e a sonhar com as coisas mais belas da vida, nomeadamente a partilha do teus amor, do teu perfume de menina e moça, das tuas histórias de vida e, até das tuas angustias e enfermidades.
Sei que os meus sonhos não passam de meras fantasias, sabendo que de ti, apenas tenho um simples olhar fugidio mas, à luz dos meus olhos, cumplice e comprometedor. Também sei que, seria mais romântico pedir-te namoro à saída da missa, todavia, tive medo da rejeição e faltou-me coragem para me acercar de ti, antes preferi, contemplar a tua beleza, os teus movimentos e ouvir as tuas orações diante de Deus. O meu anjo da guarda disse-me em surdina : Os jovens não devem ter medo de amar devem é saber amar.
Minha bela e doce Quinita, para finalizar só peço que ouças o teu coração, reflictas nas palavras que te enderecei, sendo certo que são as mais puras e sentidas. Por teu amor, por meu amor num amor só.

Um beijo à medida do brilho do teu olhar.

José Chilra